Sinceridade é coisa para poucos, portanto especial. Não me refiro áquela forma sincera de ver as coisas, ensopada de conceitos morais e ideais idílicos, ou quaisquer que a pessoa leve consigo. Ser sincero é um atributo pessoal tão escasso quanto é, nestes tempos correntes, a água, o gibão e a "pega do boi" para os sertanejos, ou eram as ovelhas para os jutos e os saxões. A ambos, a escassez fê-los valiosos, e em alguns casos, objeto de referência a trocas comerciais. À sinceridade sobra apenas a pena da galhofa. Diversamente, não é algo que se preze ou que lhe seja dado o devido valor. Ser sincero muitas vezes é incômodo a quem ouve, ou noutras é um estorvo a quem reluta em guardá-la para si. Repara. Vê se não te pega a retrucar assertivas de forma a lhes amenizar o sentido; tornar-lhes menos explícitas, menos vulgares, menos anacrônicas, menos naturais, menos tu.
Há pessoas que se não olham aos olhos; há amigos que a sinceridade abre-lhes um belo sorriso; há pessoas que o silêncio é a forma mais conviniente e menos custosa, embora diga-lhes tantas coisas... Portanto (esta babouseira toda tinha de vos oferecer uma moral de história, qualquer que fosse), sê sincero e torna-te especial. Não há ninguém tão especial quanto é sincero (esta catei a janela do ônibus, à altura das adjacências do bairro Sete de Abril).
Sem embargo dos direitos autorais que me cabem, usa esta máxima e sê feliz para sempre... e então acertamos as contas.